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A Dívida Soberana Global pela Perspectiva Feminista

Foi recentemente lançado um livro inovador que analisa a dívida soberana global através de uma perspetiva feminista. A obra Feminism in Public Debt: A Human Rights Approach, oferece uma perspectiva crítica relativamente às políticas neoliberais que tendemos a aceitar sem questionar, destacando como a dívida pública impacta desproporcionalmente as mulheres e as comunidades mais vulneráveis.

O livro assume a dívida como uma manifestação direta da violência patriarcal neocolonial enraizada no sistema económico neoliberal moderno. Da perspectiva feminista, o papel das mulheres nesse sistema é frequentemente obscurecido, apesar das diversas formas de violência económica, doméstica e institucional, bem como da exploração do trabalho pago, não remunerado e mal remunerado – uma experiência diária para muitas mulheres.

Políticas de Austeridade e suas consequências

O relatório “Global Sovereign Debt Monitor 2024“, revela que 130 de 152 países do sul global enfrentam algum nível de endividamento, com 24 países em uma situação crítica. Para enfrentar a crise da dívida, instituições como o FMI e o Banco Mundial incentivam os governos a cortar financiamentos essenciais para serviços públicos sensíveis ao género, como cuidados maternos e programas de proteção social, incluindo serviços vitais para sobreviventes de violência de género.

Medidas de austeridade como estas, juntamente com as privatizações de setores essenciais para a implementação do Estado Social, têm sido centrais nos programas do FMI e do Banco Mundial, tal como experienciámos aqui em Portugal num passado recente e presente nas nossas memórias e histórias pessoais. É uma abordagem economicista que assume o pagamento da dívida como prioritário, em detrimento dos direitos humanos, ameaçando significativamente o bem-estar social e afetando particularmente as mulheres.

Esta obra é por isso particularmente relevante por desafiar o dogma neoliberal, que apresenta estas políticas de austeridade como inevitáveis. Sugere, em alternativa, uma mudança de paradigma para abordar as desigualdades promovidas pelas políticas económicas neoliberais orientadas para o lucro enquanto valor supremo. No centro dessa mudança está o conceito de economia do cuidado como parte integral de uma mudança transformadora para abordar as desigualdades e garantir os direitos humanos, nomeadamente os direitos das mulheres que em todo o mundo apoiam e cuidam dos seus familiares.

Encorajamos todas as mulheres empreendedoras e ativistas a investirem na leitura desta obra essencial e na discussão sobre como podemos implementar essas ideias nas nossas comunidades e negócios.

Vamos juntas promover um futuro mais justo e igualitário!

Debate sobre o livro disponível AQUI.

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

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