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No sofá com a empreendedora Alexandra Martins

Qual a tua atividade profissional?

Gosto de pensar que sou uma facilitadora de soluções.

Neste momento, isso reflete-se na minha atividade profissional e naquilo que faço. Divido o meu tempo entre dar formação em marketing digital e dar mentorias individuais, em que ajudo empreendedoras e empresárias a organizarem a sua estratégia de negócio e de marketing de forma mais leve e mais alinhada com as suas necessidades individuais.

Porque um negócio de marca pessoal começa de dentro para fora e, como tal, tem de estar em alinhamento com quem és e com o que desejas. Vejo muitas empreendedoras e empresárias a correrem atrás de uma ideia de sucesso que nem tem nada que ver com elas, esgotando-se no processo; e é aqui que eu quero atuar, quero trazer apoio e estrutura a estas pessoas, mostrando-lhes caminhos que sejam mais adequados à sua realidade.

O marketing, que é fundamental para qualquer negócio, não precisa de ser um bicho papão. Pode ser descomplicado, pode ser humanizado e autêntico. E a minha missão é esta: ser formadora e mentora de negócios e marketing humanizado e autêntico, ajudando a promover um novo paradigma na sociedade e no empreendedorismo feminino.

Quando sentiste o “chamamento” do empreendedorismo na tua vida?

Empreender nunca foi algo que eu pensasse ou quisesse. Inclusive, tive várias vezes na vida o pensamento de que não era para mim. Mas, em 2021, cheguei a um burnout a trabalhar por conta de outrem e percebi que tinha nessa altura de mudar algo na minha vida.

O empreendedorismo surgiu assim quase como uma resposta à necessidade de respeitar os meus tempos e os meus valores, permitindo-me fazer o que amo à minha maneira. 

Acho que a verdadeira ficha caiu quando saí de uma entrevista de trabalho que tinha tudo para dar certo e pensei “Se não me chamarem, também não fico triste.” E aí pensei que estava na hora de deixar de perder tempo à procura de algo que não queria e passei a investir toda a minha energia em algo que me verdadeiramente me apaixona.

Como começaste o teu percurso empreendedor?

Comecei o meu percurso empreendedor em início de 2022, no seguimento de um burnout profissional que me deixou em casa de baixa. Percebi que queria apostar em fazer algo meu, mas ainda assim não sabia bem o quê.

Fui explorando, dando-me tempo para testar, para errar, para reajustar a rota. Muitas vezes, esquecemo-nos que ter um negócio próprio é mesmo assim, ir tentando pelo caminho e fazendo os ajustes necessários.

Para mim, o ajuste necessário veio em 2023, quando fiz uma pausa e percebi que queria voltar ao Marketing (área em que sempre trabalhei, mas da qual tinha saído quando saí do mundo corporativo). Isto foi um ponto de viragem na minha marca, no meu posicionamento, mas foi o fôlego que precisava para encher as velas do meu barco e afinar a rota.

Que dificuldades encontraste neste percurso e como as contornaste?

A primeira foi talvez a consciência de que, por muito que eu até percebesse de marketing, isso não queria dizer que eu percebesse de gestão de negócio e muito menos que a conseguisse aplicar a mim. Ainda hoje, é-me muito mais fácil ajudar as minhas clientes do que definir as coisas para mim.

Por isso, desde o primeiro momento, tive esta consciência da necessidade de pedir ajudar, de investir em cursos, acompanhamentos, para que eu própria pudesse crescer.

No entanto, de pouco serve investires se não abandonares a ideia do perfeccionismo e do “caminho certo” e esta é outra dificuldade que eu própria tive de contornar. Detesto falhar, detesto fazer as coisas menos bem, mas o perfeccionismo pode travar-nos, fazer-nos viver no síndrome da impostora e bloquear o nosso negócio. Por isso, sim, tive de contornar esta grande dificuldade – e ainda estou no processo.

Comparando a tua atual atividade profissional empreendedora com o trabalho que tinhas antes, que diferenças destacas?

Se pensar que no meu último emprego por conta de outrem me sentia extremamente infeliz, logo eu que sou feliz porque sim, e que me levou a um burnout, as diferenças são gritantes. Mas eu chamo a atenção para estas: a possibilidade de gerir os meus tempos para que possa acompanhar de perto a minha família (que é o meu maior valor e da qual eu não abdico) e a alegria que trago para o trabalho. Fazer o que gostamos da forma que gostamos, sentindo que estamos a cumprir a nossa missão é algo que não tem preço.

Que dicas gostarias de partilhar para quem quer dar os primeiros passos numa carreira empreendedora?

Duas coisas importantíssimas quando se está a começar: o negócio vem de dentro para fora e precisa de te servir a ti e não o contrário. Desta forma, começa com autoconhecimento: conhece-te, percebe quais são os teus valores, os teus talentos, a tua definição de sucesso (que pode ser tão diferente da da sociedade). Para te lançares num negócio próprio, tens mesmo de querer isto, de acreditar nisto. Então vê o que está alinhado contigo.

E depois, isto é um processo, leva tempo. Ter um negócio é uma maratona e não uma corrida de velocidade. A Coca-Cola no seu primeiro ano vendeu 25 garrafas, a fundadora do Canva levou mais de 100 nãos antes de conseguir um sim, a Amazon não deu lucro durante os primeiros 6 anos de vida… e podia continuar. O sucesso não se constrói do dia para a noite, é preciso consistência, resiliência e uma vontade muito grande para fazer acontecer. Então dá-te tempo, aceita que é um processo e que demora construirmos os nossos sonhos. Fica mais fácil quando encontras pessoas que te ajudam e te incentivam pelo caminho – procura esses círculos, procura esse apoio, não tens de fazer isto sozinha.

E, mais importante que tudo, diverte-te no caminho. Sê feliz.

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